Módulo
5 – Dados Históricos
Antigos Romanos e Egípcios Numa Relação Homoafetiva - Em nenhum caso havia o conceito de pecado, doença ou qualquer tipo de preconceito ou discriminação.
Na
história da homocultura, nem sempre as situações referentes aos homossexuais
ocuparam o centro das discussões e nem muito menos precisaram fazer parte de
estatísticas. O que precisa ficar claro é que pessoas não são dados
estatísticos.
Durante
a Idade Antiga a sociedade greco-romana convivia harmoniosamente com os grupos
de homossexuais. O próprio imperador Alexandre o grande, assumiu publicamente a
sua bissexualidade.
Em
outro período bem anterior, a homossexualidade era difundida em Israel, porém
passou a ser algo passível de ser punido com a morte. (Cf. Levítico. 18,22;
20,13; 20,23 e Juízes 19,22ss). De certa forma comprometia a procriação. Essas
citações servem para justificar no Catecismo a não aceitação da prática da
homoafetividade em si e não necessariamente do homossexual, enquanto é chamado
a viver a sua castidade.
Foi
a partir dessas fontes acrescentadas a Romanos 1,24-27 (a homossexualidade como
aberração da natureza) e a 1 Coríntios 6,9-10 (o homossexual ou efeminado e
sodomita como são chamados, comparados a injustos, impudicos, idólatras,
adúlteros, depravados, ladrões, avarentos, bêbados e injuriosos), que a Igreja
Católica Romana passou a punir com a morte os homossexuais da baixa idade média
até o século 19 através da “Santa” Inquisição.
Desde
então os grupos de homossexuais nunca mais puderam viver em paz e nem tiveram
mais a sua dignidade garantida. Mesmo com o fim da inquisição (Santo Ofício),
diferentes grupos religiososcontinuam a massacrar seus semelhantes em nome de
uma fé cega e descomprometida.
Além
da pena de morte, existia o degredo. Quando ainda o território brasileiro era
uma colônia inexplorada, homossexuais, inclusive travestis eram expulsas para
uma terra que só existiam algumas Vilas no litoral brasileiro.
O
“crime” de sodomia (em referência a Sodoma, cidade bíblica que abrigava um
número considerável de homossexuais), passava pelo processo de prisão, tortura
e morte. Espanha e Portugal (países católicos) foram os que mais mataram
pessoas no mundo por meio da Inquisição.
O
Brasil esteve por um longo período dominado por esses dois países. A inquisição
não aconteceu especificamente no território brasileiro, mas se sabe que muitos
eram enviados para serem punidos em Portugal.
Em
Goiás durante o século 19, os homossexuais eram chamados de mariolas. Havia uma
grande concentração desse grupo de pessoas nas duas maiores festas religiosas,
em Barro Preto (Trindade) e Moquém.(SILVA, 2006, p.326).
Apesar
de tudo, a Igreja por meio do Catecismo reformulado em 1998, insiste em
classificar os atos de homossexualidade “intrinsecamente desordenados”, mas
traz dois conjuntos de reflexões tolerantes. No primeiro momento conceitua,
“A
Homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração
sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. A
homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e
das culturas. Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada”. (Catecismo
da Igreja Católica, 1998, p. 610, 2357).
No
parágrafo 2358, declara,
“Um
número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências
homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente
desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com
respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se à para com eles todo sinal de
discriminação injusta”. (Idem, Pp.610-611).
No dia
29 de julho de 2013 o Papa Francisco, durante Entrevista Coletiva no retorno a
Roma, ao ser questionado sobre os gays, com sua simplicidade e sabedoria
declarou: “Se uma pessoa é gay, procura a Deus e tem boa vontade, quem sou eu,
por caridade, para julgá-la? O catecismo da Igreja Católica explica isso muito
bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas devem ser
integrados na sociedade. (...) Devemos ser como irmãos.”
Contextualmente
Paulo apóstolo escreveu a Carta aos Coríntios entre os anos 50 e 52. Corinto
era uma cidade portuária com mais de 500 mil habitantes, tendo a maioria de
seus habitantes, escravos. Era um lugar propício a todos os tipos de religiões
e raças, onde havia muita riqueza e desigualdade social.
O
apóstolo esteve nesse lugar por um ano e meio e foi o tempo suficiente para
identificar todos os tipos de comportamentos. Não restaria alternativa, que não
fosse a de criticar duramente comportamentos reprováveis não só do ponto de
vista religioso, como também ético e moral. A luxúria estava acima de tudo.
É
assim que a Bíblia deve ser lida, contextualizada. Pelo contrário, só restará a
livre interpretação da parte que mais convém, fazendo desse Livro Sagrado um
objeto de uso pretencioso para recriminar a vida alheia.
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