Módulo 4: Escala de
Kinsey e do Dr. Harry Benjamin
Escala de Kinsey
Origem: Wikipédia, a enciclopédia
livre.
A Escala
de Kinsey tenta descrever o
comportamento sexual de uma pessoa ao longo do tempo e em seus episódios num
determinado momento. Ela usa uma escala
iniciando em 0, com o significado de um comportamento exclusivamente heterosexual, e terminando em 6, para
comportamentos exclusivamente homossexuais. Muito frequentemente a Escala de
Kinsey é simplificada de forma exagerada prevendo apenas heterossexuais, bissexuais e homossexuais de
acordo com a monossexualidade, onde temos apenas dois sexos: o macho
e a fêmea. Em estudos posteriores, Alfred
Kinsey, Wardell Pomeroy et al. publicam os
livros Sexual Behavior in the Human Male (1948) e Sexual Behavior in the Human Female (1953),
introduzindo também os assexuais.
Introdução à Escala
de Kinsey
Kinsey escreveu em
tradução livre:
“
|
Homens não são representados
através de duas populações discretas, heterossexual e homossexual. O mundo
não é subdividido em carneiros e cabras. É um fundamento da taxonomia que a
natureza raramente pode ser tratada em categorias discretas... O mundo em que
vivemos é contínuo em todos e em cada um dos aspectos.
Quando
enfatiza-se a continuidade das graduações entre os heterossexuais e
homossexuais exclusivos ao longo da história, parece ser desejável
desenvolver uma gama de classificações que podem ser amparadas em quantidades
relativas de experiências e respostas heterossexuais e homossexuais em cada
caso... Um indivíduo pode ser associado numa posição da escala em cada
período de sua vida... Uma escala de sete categorias aproxima-se de
representar as várias graduações que existem atualmente (Kinsey, et al.
(1948). pp. 639, 656)
|
”
|
Estudos de Kinsey
Homens: 11,6% dos homens brancos, com idade
entre 20 e 35 anos puderam ser classificados no nível 3 da escala num período
de suas vidas.1
·
Mulheres: 7% das mulheres solteiras, com idade entre 20 e 35 anos e 4% de
mulheres que já se casaram, com idade entre 20 e 35 anos puderam ser
classificadas no nível 3 num período se suas vidas.2 Entre 2 a 6% das mulheres, com idade entre 20
e 35 anos, puderam ser classificadas no nível 53 e entre 1 a 3% das mulheres solteiras com idade entre 20 e 35 puderam ser
classificadas no nível 6.4
Críticas à Escala de
Kinsey
Uma das maiores críticas à escala de
Kinsey é que ela não incorpora a transexualidade sendo quase inútil
nesses casos. Harry Benjamin propôs, em contrapatrida, a Escala de Orientação Sexual que é muito mais
adequada a trangêneros em geral mas que não explica a
homossexualidade em si. Existem estudos que cruzam características da Escala de
Kinsey com a Escala de Orientação Sexual de Harry Benjamin a fim de obter um
diagnóstico mais preciso para indicar tratamentos e/ou cirurgias de resignação
de sexo.
Referências
Indecisão entre Sexo e Gênero em
Indivíduos do Gênero Masculino
Dr. Harry Benjamin,
12-01-1885/24-08-1986
Pessoa de personalidade intrigante, o Dr. Harry Benjamin é considerado o
grande pioneiro da medicina na identificação, descrição e tratamento dos
Transtornos de Identidade de Gênero, sendo hoje um verdadeiro ícone na história
da transgeneridade.
Alemão, nascido em 1885, praticou clínica geral e endocrinologia em Nova
York e São Francisco. Veio a interessar-se por temas ligados à transexualidade
através de outro grande sexólogo, o Dr. Alfred Kinsey (o do famoso relatório).
Em 1948, Kinsey pediu ao Dr. Benjamin que examinasse uma criança que insistia
em se tornar mulher, apesar de ter nascido homem. Kinsey conheceu a mãe da
criança, que lhe pediu ajuda, quando fazia as entrevistas de campo para o seu
relatório sobre o comportamento sexual masculino. Este menino rapidamente levou
o Dr. Benjamin a identificar que ele apresentava uma condição muito diferente
do travestismo, rótulo sob o qual eram genericamente classificados os adultos
da época, em situação semelhante à do guri. Naquela época, ele tratou a criança
com estrógeno (premarin, já existia a partir de 1941) e verificou uma grande
redução da sua ansiedade.
Sua paciente mais famosa foi Christine Jorgensen que, em 1952, tornou-se
uma das primeiras (senão a primeira) transexual operada no mundo (seguida mais
tarde por Roberta Cowell, na Inglaterra e Coccinelle, na França).
Em 1966, o Dr. Benjamin publicou sua obra de maior importância, O
Fenômeno Transexual, até hoje um marco na definição de padrões para o
tratamento médico de pessoas portadoras de dirtúrbios de sexo / gênero.
Curiosamente, essa sua obra foi dedicada à sua mulher Gretchen, com quem foi
casado 60 anos. Afora a sexologia, o Dr. Benjamin foi também um gerontologista,
tendo vivido, ele mesmo, 100 anos. Foi também esoterista, discípulo de
Gurdjieff, tendo publicado uma obra sobre o quarto caminho, em 1971.
Com sua permissão e apoio, foi formada, em 1979, a The
Harry Benjamin International Gender Dysphoria Association (Associação Internacional Harry Benjamin para Disforia de Gênero) que,
desde esse ano, publica periodicamente o The Harry Benjamin International
Gender Dysphoria Association’s Standards of Care for Gender Identity Disorders,
ou seja, os “Padrões de Tratamento para Desordens de Identidade de Gênero”, uma
espécie de bíblia para os profissionais médicos, sexólogos e psicoterapeutas
atuando na assistência a transexuais e transgêneros. Os “Padrões de Tratamento”
encontram-se atualmente na sua 6ª. Versão, que foi publicada em 2001, cuja
cópia, em inglês, pode ser lida na sua íntegra clicando aqui ou
baixada diretamente clicando neste outro link.
A “Escala” do Dr. Harry Benjamin foi publicada em 1966, inspirada no
trabalho do seu amigo Alfred P. Kinsey, com material recolhido principalmente a
partir dos seus exaustivos trabalhos de campo junto a transexuais, realizados
desde 1952.
O aspecto mais criticado da tabela do Dr. Benjamin é precisamente a
“ponte” que ele faz com a famosa Escala Kinsey(*) de orientação sexual humana. Por serem amigos e terem se
influenciado mutuamente, o Dr. Benjamin quis incluir as descobertas de Kinsey
na sua tabela.
É importante lembrar, para qualquer
crítico apressado, do pioneirismo da tabela do Dr. Benjamin, publicada numa
época em que o assunto transexualidade era um grande tabu, além de totalmente
desconhecido da classe médica e psi.
(*) Escala Kinsey de Orientação Sexual
1 Exclusivamente
heterossexual, sem qualquer experiência homossexual
2 Predominantemente heterossexual, mas incidentalmente homossexual 3 Predominantemente heterossexual, porém homossexual mais do que incidentalmente 4 Igualmente heterossexual e homossexual (bissexual) 5 Predominantemente homossexual, porém heterossexual mais do que incidentalmente 6 Predominantemente homossexual, mas incidentalmente heterossexual 7 Exclusivamente homossexual, sem qualquer experiência heterossexual 8 Assexual |
Fonte utilizada para a
apresentação da tabela: http://www.genderpsychology.org/transsexual/benjamin_gd.html
Acesso em: 03 de agosto de 2013.
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